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Escolas alemãs tentam lidar com antissemitismo entre alunos

18 de outubro de 2023

Depois do ataque terrorista do Hamas a Israel, professores buscam ajuda para combater o antissemitismo nas suas turmas. Mas o problema não está só dentro das escolas.

Policiais na frente de ginásio em Berlim
Escolas de Berlim, como esta no distrito Neukölln, têm de lidar com as consequências do terrorismo do Hamas contra IsraelFoto: Jörg Carstensen/dpa/picture alliance

Júbilo por causa do ataque terrorista do grupo palestino Hamas a Israel na distante Berlim? Sim, é o que parece. Imagens de demonstrações proibidas e de permitidas dão essa impressão. Mas também parece haver simpatia num outro lugar, onde se aprende — também — história: as escolas.

Pouco depois do ataque terrorista do Hamas, um incidente num ginásio do distrito berlinense de Neukölln, onde cerca de metade dos 330 mil moradores têm origem migratória, chamou a atenção: nas redes sociais circulou um vídeo de celular no qual se podia ver, em imagens não muito nítidas, uma briga entre um professor e um aluno.

Segundo a polícia, o adolescente foi à escola com uma bandeira da Palestina e um cachecol nas cores palestinas. No vídeo, o professor parece estar batendo no aluno. O especialista Dervis Hizarci, da Iniciativa contra o Antissemitismo do bairro de Kreuzberg (Kiga, no original), considera essa atitude problemática. "Em vez de reagir com indignação, o professor deveria ter levado o aluno a se explicar", diz o pedagogo.

Trabalho deve ser preventivo

Ele diz não se espantar com a crescente tensão nas escolas, pois o combate ao antissemitismo e toda forma de discriminação exige prevenção. E isso está faltando na Alemanha, acrescenta. "Quem não aborda de forma preventiva temas como o conflito no Oriente Médio ou o antissemitismo disfarçado de crítica a Israel, não consegue reagir de forma adequada em tempos de crise", comenta Hizarci.

Desde o ataque terrorista a Israel, ele e sua equipe estão recebendo muitos questionamentos sobre como agir. "Alguns perguntam se deveriam fazer um minuto de silêncio ou convidar alguém de uma escola judaica."

Esse ex-professor que há mais de 20 anos se engaja contra o antissemitismo diz nem sempre ter uma resposta. Mas ele tem um conselho: "Ficar calmo, manter as emoções sob controle e agir forma pedagógica".

A Kiga passou a oferecer assessoria para professores e assistentes sociais. Em poucas horas foram mais de 40 pedidos, o que mostra como a necessidade nas escolas berlinenses é grande.

Cada vez mais presente na Alemanha

Mas o antissemitismo na Alemanha não é um problema limitado a escolas berlinenses com grande percentual de pessoas de origem migratória. Há anos que estudos mostram que o antissemitismo é disseminado em todos os campos políticos na Alemanha.

Um estudo encomendado em 2022 pelo American Jewish Comittee (AJC) concluiu que o antissemitismo não é um problema dos extremos políticos, mas está profundamente ancorado no centro da sociedade alemã.

O psicólogo Klaus Seifried, da Associação Profissional de Psicólogos da Alemanha, ressalta que a maioria das crianças e jovens de famílias muçulmanas em Berlim são bem integradas na sociedade. "Só alguns poucos não."

Isso vale sobretudo para famílias que vivem numa sociedade paralela e nas quais nem todos falam alemão. "São pais com pouca escolaridade. A educação escolar não é importante nessas famílias. Elas recebem informações de mídias árabes, e esse é o real problema", diz Seifried, que há 26 anos trabalha como psicólogo em escolas.

Antissemitismo disfarçado de crítica a Israel

Vários estudos já mostraram que o antissemitismo não é mais disseminado entre pessoas com histórico migratório do que na sociedade alemã como um todo.

Quando, porém, se trata de antissemitismo relacionado a Israel, por exemplo violência ou discriminação contra judeus alemães por causa de conflitos no Oriente Médio, a situação é outra: ele é mais comum entre muçulmanos ou pessoas com origem migratória.

Num estudo de 2020, 40,5% dos muçulmanos questionados (com ou sem nacionalidade alemã) concordaram com declarações antissemitas relacionadas a Israel. Entre evangélicos, católicos e pessoas sem confissão religiosa, os percentuais foram de 5,2%, 7,1% e 9,4%, respectivamente.

Seifried diz que as escolas, sozinhas, não têm como resolver o problema — é preciso incluir os pais. "Só assim poderemos integrar essas crianças e jovens na sociedade alemã um pouco mais", afirma.

Marcel Fürstenau Autor e repórter de política e história contemporânea, com foco na Alemanha.
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