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PolíticaBelarus

Lukashenko ameaça Alemanha e UE com onda de refugiados

7 de julho de 2021

Em retaliação a sanções impostas a Belarus, Lukashenko disse que não vai impedir que refugiados vindos de zonas de guerra cheguem ao bloco europeu. Presidente belarusso também vai proibir tráfego de mercadorias alemãs.

Lukashenko, de terno escuro e gravata azul, sério, em um púlpito.
Lukashenko está no poder desde 1994 e é conhecido como "o último ditador da Europa"Foto: Maxim Guchek/BelTA/REUTERS

O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, ameaçou nesta terça-feira (06/07) a Alemanha e a União Europeia (UE), dizendo que vai liberar as fronteiras do país para que nenhum refugiado seja impedido de chegar ao bloco europeu. Além disso, Lukashenko também disse que vai proibir o tráfego de produtos alemães por Belarus. As ameaças são uma retaliação às sanções mais duras impostas pela UE contra o regime autoritário de Lukashenko.

"Não vamos impedir ninguém", disse o presidente belarusso em uma reunião com ministros na capital, Minsk.

Segundo ele, as pessoas estão viajando de zonas de guerra, como Afeganistão, Síria e Iraque, para "uma Europa quente e confortável" e os trabalhadores são necessários na Alemanha.

Lukashenko também anunciou que não permitirá mais a passagem por Belarus de mercadorias alemãs que tenham como destino a Rússia e a China.

"Deixe-os entregar suas mercadorias para a Rússia e a China via Finlândia. Ou via Ucrânia, há boas estradas", afirmou.

O presidente não disse a partir de quando valeria a proibição e nem se outros países também seriam afetados. O primeiro-ministro belarusso, Roman Golovchenko, acrescentou que o governo "examinará o comportamento dos parceiros europeus e tomará as medidas apropriadas" de forma que não prejudiquem a economia nacional.

Ajuda da UE à Lituânia

Também nesta terça-feira, o presidente do Conselho da UE, Charles Michel, culpou Lukashenko pelo crescente número de migrantes que cruzam a fronteira com a Lituânia há semanas. Michel afirmou que a UE não é "ingênua" e "não se intimida". Ele prometeu à Lituânia ajuda para proteger a fronteira com a vizinha Belarus. O governo lituano é um crítico ferrenho de Lukashenko e acolheu vários exilados belarussos.

Desde junho, a Lituânia relatou um aumento no número de migrantes que cruzam a fronteira de Belarus. Guardas lituanos afirmaram nesta terça-feira que, em 24 horas, 131 migrantes foram apanhados, a maioria deles do Oriente Médio e da África. Só neste ano, foram registrados mais de 1.300 casos - para comparação, no ano passado inteiro, haviam sido apenas 81 casos. Michel disse que "há uma suspeita" de que Minsk esteja envolvido nisso.

Governo autoritário

A União Europeia vem impondo uma série de sanções a Belarus devido às atitudes autoritárias do governo de Lukashenko, que está no poder desde 1994 e é conhecido como "o último ditador da Europa".

Protestos tomaram as ruas do país no ano passado, após Lukashenko ter sido eleito presidente pelo sexto mandato, em um pleito que a oposição e grande parte da população afirmam ter sido fraudado. A UE não reconheceu a vitória de Lukashenko.

Nos protestos, milhares de pessoas foram presas e acusaram o governo de terem sido torturadas. Vários membros da oposição foram perseguidos e detidos e muitos tiveram que se exilar no exterior.

A pressão da UE sobre Lukashenko aumentou ainda mais após o sequestro, em maio, de um voo que ia da Grécia para Lituânia. Um avião da Ryanair foi interceptado por um caça belarusso devido a uma suposta ameaça de bomba e desviado para Minsk, onde teve de aterrissar. Após o pouso, o ativista da oposição belarussa Roman Protassewitsch, que estava a bordo, foi preso.

le (ots)

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